3 de maio de 2017

Malvadez com requinte

Na obra "O Príncipe", Maquiavel explicou-nos que “um príncipe deve ter bons fundamentos; do contrário, necessariamente, cairá em ruína”. Por isso, “um príncipe deve evitar as ofensas”, deve “fugir àquelas circunstâncias que possam torná-lo odioso e desprezível” - não deve ser cruel.
D. Diogo é cruel (ou ganhou o epíteto – o que em política é a mesma coisa). Mas o pior nem está aí (em ser cruel). O erro maior está, segundo Maquiavel, em “as crueldades serem mal ou bem usadas”. “Bem usadas pode-se dizer serem aquelas (se do mal se pode dizer bem) que se fazem instantaneamente … e, depois, nelas não se insiste”. Por isso Maquiavel recomendava que “a fazer o mal, deve fazê-lo de uma só  vez; e fazer o bem de forma faseada”.
No exercício do poder, D. Diogo não segue os ensinamentos de Maquiavel, segue os príncipes medievais. Na Idade Média o odioso – o sofrimento – era aplicado de forma continuada e em crescendo, com intervalos para aliviar a vítima, de forma a tornar o sofrimento mais efectivo.
A última AM foi um longo exercício de malvadez servido com requinte: composto por ciclos que alternavam o registo impiedoso com o registo misericordioso, intervalados com o alívio da vítima.
É, também, um sinal de nobreza ridicularizar as situações patéticas e comportar-se nelas de forma indigna. Mas convém não abusar da dose.

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