31 de outubro de 2015

Subsídios, da sedução à dominação

A subsidiação de todo o tipo de actividades e eventos, sem critério e sem regras claras, começou por ser uma estratégia de sedução bem urdida e melhor implementada, dos executivos do PSD na CMP, com recurso a muito dinheiro público (nosso) e com a cumplicidade activa da oposição.
Com o tempo, a estratégia de sedução tornou-se praticamente consensual (se exceptuarmos o Farpas) e evoluiu naturalmente para uma estratégia de dominação com a adesão dos dominados (associativismo, oposições, instituições públicas e pessoas em geral) aos valores e interesses do poder hegemónico, através de um acordo (tácito) em torno dos valores considerados verdadeiros por todos, de modo que a relação de dominação não fosse percebida como tal. Puro engano e grande armadilha. Desta forma, instalou-se em Pombal um estado de menoridade, por meio da preguiça de pensar e da covardia de agir, que goza de uma tal amabilidade que vai ser difícil desvencilharmo-nos dele.

O associativismo que desenvolve actividades de interesse público (culturais, desportivas, recreativas e outras) deve ser subsidiado, mas sem condicionamento das actividades e sem aproveitamento político. O que se conseguiria se poder político se limitasse a definir o montante da rubrica para subsídios e, eventualmente, o montante para cada actividade, delegando a responsabilidade pela avaliação do mérito de cada pedido a um órgão independente emanado das entidades a subsidiar.

29 de outubro de 2015

Subsidiodependência (III)

A União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca solicitou à câmara apoio para “as despesas com a manutenção das  viaturas”.
A câmara deliberou, por unanimidade, atribuir-lhe um subsídio de € 2.000,00 (dois mil euros).
Agregaram-se freguesias para aumentar a massa critica e, desta forma, aumentar a sua autonomia e o resultado é este: o maior agrupamento de freguesias do concelho não tem capacidade assumir as despesas com a manutenção das viaturas.

Ao que nós chegámos! 

28 de outubro de 2015

Perguntas indiscretas

1.  Foi a SFV que pediu um subsídio para pagar as refeições da festa de aniversário ou foi a câmara que, por sua iniciativa, ofereceu a prebenda?
2. As outras Filarmónicas do concelho terão, também, direito a um subsídio para pagamento das refeições da festa de aniversário?
3. E as outras associações, culturais ou recreativas, terão, também, direito a um subsídio para pagamento das refeições da festa de aniversário? 

27 de outubro de 2015

Subsidiodependência (II)

A Sociedade Filarmónica Vermoilense, a Associação Filarmónica Artística Pombalense, a Sociedade Cultural, Desportiva, Recreativa Filarmónica Ilhense, a Filarmónica da Guia e a Sociedade Filarmónica Louriçalense solicitaram à câmara apoio para “as despesas com a participação de elementos num curso”.
A câmara deliberou, por unanimidade, atribuir a cada uma um subsídio de € 1.080,00 (mil e oitenta euros), para o efeito, a que corresponde a inscrição de 12 elementos.
Estas associações recebem regularmente – e justificadamente – subsídios para todo o tipo de despesas de funcionamento: instrumentos, indumentária, viagens, espectáculos, formação,…

Mas um subsídio para as refeições da festa de aniversário é demais, num concelho e num país com ¼ da população em estado ou risco de pobreza.

26 de outubro de 2015

Subsidiodependência (I)

O presidente da CMP submeteu a despacho do executivo, dia 12 de Setembro, um requerimento urgente da “Sociedade Filarmónica Vermoilense em que é solicitada a cedência do autocarro, do Teatro Cine e de refeições para a realização do seu aniversário, no montante de € 2.496,50 (dois mil quatrocentos e noventa e seis euros e cinquenta cêntimos)”.
O requerimento foi aprovado por unanimidade.

PS: O Farpas não obrigará a tamanha celeridade de procedimentos, mas em tempo oportuno solicitará um subsídio para comemorar o seu 8.º aniversário.

Nota Imprensa (II)

Este exemplar de Nota de Imprensa evidencia com clareza os propósitos, as técnicas e a desfaçatez a que pode chegar o ridículo no "dourar da pílula" e no ocultar a realidade. 
Dá-se a não-notícia para abafar a notícia.

Nota de imprensa (I)

Este exemplar de Nota de Imprensa da CMP já evidencia o toque da nova assessora de imprensa: na disposição e pose dos figurantes, na indumentária e nos penteados.
No resto…

22 de outubro de 2015

A rotação encalhou

Desde o início, o príncipe quis dar sinais que contrariassem a sua natureza, as suas fraquezas (políticas). Começou – e bem - pela mais significativa: o estilo autoritário no exercício do poder. Vai daí, institui a rotação do vice-presidente para dar a imagem de um estilo democrático no exercício do poder. A medida era, como todos repararam, simbólica; mas estava, à-cabeça, esvaziada de simbolismo. Apesar de tudo, os ministros foram aceitando representar o papel, até que o mais novato deles (e o mais cauteloso) recusou a “promoção”, para não cair na “armadilha”.
Avança o seguinte. Ressuscitará do sono profundo ou apagar-se-à definitivamente? 

15 de outubro de 2015

O seu a seu dono


A propósito do dia mundial da música, que se comemorou a 1 de Outubro, a nossa autarquia dedica a sua programação cultural deste mês "inteiramente a esta forma de expressão cultural". É bem. Mas alguém consegue adivinhar qual o evento que os senhores da câmara decidiram destacar? As oficinas musicadas para famílias, com o sempre disponível Luís Martins e Vasco Faleiro? O concerto de aniversário da Filarmónica Artística Pombalense? Não. O que os senhores da câmara decidiram destacar - num programa, como dizem, inteiramente dedicado à música - foi a cerimónia do dia 7, em que foi assinado o Auto de Cedência do Castelo e da Torre do Relógio Velho ao Município de Pombal. Não sei quem foi o artista, mas que nos estão a dar música, isso estão!

Quem também não fica a saber quem são os artistas em muitos eventos promovidos pela autarquia é a maioria dos pombalenses. Aconteceu isso nas "Montras Poéticas", e volta a acontecer agora com o espectáculo "Taleguinho", inserido no cartaz cultural deste mês de Outubro. Das duas uma: ou é manifesta incompetência ou é um aproveitamento despudorado do trabalho dos artistas.

É precisamente esse o espectáculo que quero destacar na programação proposta pela câmara. Da autoria de Luís Pedro Madeira e Catarina Moura, "Taleguinho" apresenta-se como um projecto musical para miúdos e graúdos onde, através de histórias, músicas e lenga-lengas, somos convidados a embarcar numa viagem pelo cancioneiro tradicional português e galego, num ambiente único e de grande proximidade. A não perder, no dia 24 de Outubro, sábado, pelas 15 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal.

O Conquistador

Um órgão de informação local titulava: “Pombal “reconquista” castelo ao Estado Português”. É uma boa ou má “conquista”? É questionável que o interesse da câmara no castelo vá ao ponto de o possuir. Se é para o utilizar, faz mal - um castelo é, por natureza, uma ruína, e o interesse e a beleza das ruínas é o não servirem para nada. Se é para não o utilizarem, não se justifica tê-lo.
O movimento tem, essencialmente, a dimensão simbólica: reforça a marca-de-água de um estilo aristocrata, monárquico e conservador, que olha com redobrado interesse para tudo o que é passado e com muito desdém para tudo o que é futuro e o que isso significa - diversidade, criatividade, ruptura.

Quem passa muito tempo a olhar para trás, não tem tempo, nem sabe, olhar para a frente. É preciso olhar para o passado, mas o futuro constrói-se rompendo com o passado. 

14 de outubro de 2015

Entre o concelho-charneira e o sucesso escolar 100%, fica a Conde Castelo Melhor

                                           Foto: Diário de Leiria
Há uma linha que separa o concelho-charneira (da era Narciso Mota) deste, em que vivemos agora, do sucesso escolar 100%, do Portugal 2020, adoptado por Diogo Mateus.
No resto do concelho a linha é ténue, na cidade está vincada. A não ser os pais da escola do Seixo, na Guia -  que acabaram por ganhar a batalha de manter aberta a escola da aldeia, em detrimento da mudança dos meninos para encher o centro escolar da Mata Mourisca - ninguém parece importar-se com os edifícios sobredimensionados para a capacidade, nem questionar os milhões gastos, fora da sede do concelho, onde faltam alunos e sobra espaço. 
Vivemos uma espécie de mundo ao contrário, em que, na cidade, as crianças se acotovelam para almoçar, por turnos, na escola Conde Castelo Melhor, e por outro lado podem brincar às escondidas nas salas vazias dos centros novos, por essas aldeias fora. Há dias, quando veio cá o ministro em tempo de campanha, o Jornal de Leiria noticiava que faltam 700 para preencher a capacidade dos centros escolares de Pombal. Nesse desenho da carta educativa do concelho, faltava há muito à cidade - onde se concentra o maior número de alunos - aquilo que sobra nas freguesias à volta: um centro escolar. E então a Câmara anunciou-o, apresentou-o publicamente. Decorridos vários meses, não há notícia de abertura de concurso para a sua construção. Entretanto, Câmara, Junta de Freguesia e Agrupamento de Escolas de Pombal, num momento raro de entendimento conjunto, trataram de antecipar a mudança, esvaziando a velhinha EB1 de Pombal e o Jardim de Infância. Os alunos do 1º e 2º anos foram transferidos para a Escola Conde Castelo Melhor (CCM), um edifício desadequado, que um agente educativo comparava há dias a "um reformatório do século XIX", e que a Câmara acaba de adquirir, por mais de 700 mil euros. Dinheiro é coisa que não falta ao município. Os meninos do pré-escolar foram instalados na sede da Filarmónica Artística Pombalense, e os alunos do 4º ano foram transferidos para a Escola Marquês de Pombal. Ao contrário do que era suposto, ali as coisas até correram bem. O mesmo não se pode dizer da CCM. É verdade que a autarquia fez tudo para lavar a cara ao edifício, mas os milagres só acontecem em Fátima e não é por sermos muito devotos que os problemas terrenos desaparecem. "A escola está perfeita, toda pintada de novo, com as paredes muito bonitas, mas faltam meios humanos cá dentro", disse uma mãe de duas crianças, na semana passada, quando tratava de as transferir para a única alternativa privada, ao nível do ensino básico. Por mim, continuo a preferir a escola pública. Mas se a defendemos a qualquer preço, também lhe devemos exigir aquilo a que os nossos filhos têm direito.
Ora acontece que o espaço é pouco para tanta criança. Estão lotadas todas as salas, para lá das de aula, são utilizados todos os cantos para albergar ali perto de 200 crianças. Um mês depois do início das aulas, já se percebeu a dimensão do problema, por mais provisório que nos seja vendido: pouco espaço, muitos alunos, falta de vigilância, que resulta num aumento de tensões no recreio, de violência entre as crianças, sobretudo à hora de almoço. Quando esta semana se sentaram, à mesma mesa, pais, professores, auxiliares, junta de freguesia e direcção do agrupamento (provisória, há três anos), faltava lá o Município. A Junta garante que vai contratar mais uma auxiliar (são cinco, actualmente, para dar conta de todo este recado) e que já oficiou à Câmara para alargar o telheiro, que as deveria albergar em dias de chuva. Cá ficamos à espera.
A propósito desta mudança, a única (e sensata) intervenção pública a que assisti foi a de Ana Cabral, educadora de formação - e vocação - na última reunião da assembleia de freguesia de Pombal, quando saiu da mesa (a que estava a presidir, em substituição de Pedro Pimpão) para questionar isto tudo.
A moral da história fica ao critério de cada um. Afinal, o dinheiro não é tudo. Muito menos na escola da cidade, em que os números falam: 23% dos alunos vêm da comunidade cigana (que também deveria estar representada à mesa da discussão). No conjunto dos 250 alunos da EB1 (entre CCM e MP), há 147 que almoçam todos os dias na escola. Desses, 74 tem escalão A, 40 tem escalão B, e apenas 33 pagam o almoço por inteiro. Está traçado o nosso retrato sócio-demográfico. 
Em suma, terá razão o funcionário municipal que há dias concluía, com propriedade: "se a mudança do Centro de Saúde foi feita poucos dias antes das obras começarem, porque é que não fizeram o mesmo na EB1?". É uma boa pergunta, que merece uma rápida resposta. Enquanto mãe, o que sei é que lá, na escola velha, os meninos eram mais felizes. Mas isso agora não interessa nada.

13 de outubro de 2015

Governo à esquerda

A putativa aliança PS/BE/PCP não foi estabelecida antes das eleições nem apresentada aos eleitores para debate na campanha eleitoral e para sufrágio nas urnas. Antes pelo contrário, o PS pediu o voto útil para uma maioria e o BE e o PCP fizeram ataque ao PS, PSD e PP.
Reunidos os partidos, depois de contados os votos, o PS de António Costa passou a transmitir publicamente a notícia de desentendimentos com o PSD e PP e de compatibilidades com BE e o PCP, ou seja, a vontade e a possibilidade de formar governo à esquerda.
Sendo certo que o BE e o PCP e, parcialmente, o PS defendem a manutenção de todas as “pensões a pagamento” (incluindo as reformas precoces e douradas), a rigidez do vínculo laboral, a distribuição de subsídios e a saída da moeda euro, da União Europeia e da Nato, talvez a pretendida solução de governo à esquerda seja a oportunidade dos cidadãos não fidelizados a partidos poderem comprovar a fraude que representam os programas eleitorais do BE e do PCP. É que sem produção de riqueza e receitas de financiamento não há pagamentos e sem incentivos ao investimento e à manutenção da atividade empresarial não há produção de riqueza para distribuição. Que governem para desfazerem mitos, mesmo que isso traga a ruina das finanças e sofrimento no futuro, pois a maioria é de esquerda.
É estranho que o PS, o BE e o PCP sejam agora os partidos retrógrados, os que defendem privilégios das suas elites ou “nomenklaturas”, nas suas “datchas”, com a justificação de serem “direitos adquiridos” e representarem o “princípio da proteção da confiança” (como as ditas pensões precoces e douradas), sempre a cargo de quem produz e paga cada vez impostos, como se existissem deveres adquiridos a cargo do “povo”.
António Costa parece um político sem prática democrática, tipo Hugo Chaves, que altera permanentemente as regras conforme as suas conveniências, para desesperadamente poder aceder ao poder ou para nele se manter. Lembramo-nos dos seus golpes sucessivos para chegar ao poder ou da forma obscura como o exerceu, tal como quando “queimava” António Seguro em lume brando, apresentando-se como alternativa e reserva moral do PS mas não se candidatando ao cargo de secretário-geral com a justificação de que o exercício do cargo era incompatível com o de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para depois das eleições europeias desferir o ataque final e continuar presidente da Câmara, como quando conduziu o concurso ruinoso SIRESP, como quando influenciou o poder judicial no caso Paulo Pedroso, como quando participou nas influencias BES, etc, etc.
António Costa parece representar a necessidade urgente do PS de aceder ao poder para poder obter financiamentos para o seu partido endividado e para saciar o apetite voraz de uma parte dos seus antigos e atuais dirigentes habituados a práticas obscuras, como nos casos Emaudio, Fax de Macau, etc.

Talvez seja a oportunidade do parasita BE poder comer por dentro o hospedeiro PS, como na Grécia.

Paragem do Pombus?





Há erro nas fotografias ou na marcação da paragem? Ou há qualquer coisa a mais ou a menos? Ou não é uma paragem? Não sei. Alguém que ajude a explicar…

7 de outubro de 2015

A visibilidade e a falta dela

A visibilidade é um dos critérios mais valorizados na política à portuguesa. Um político que tenha visibilidade é (obviamente) mais conhecido e, se conseguir gerir bem as suas intervenções públicas, atinge rapidamente o estatuto de vedeta, muito apreciado pelo nosso povo. Pedro Pimpão já percebeu isso há imenso tempo, o BE foi agora bafejado pelo fenómeno Mariana Mortágua e o Marinho e Pinto só não foi eleito porque abandalhou completamente.

Quem parece andar a dormir na forma é o PS em Pombal. Sem uma presença regular na comunicação social, sem uma página web institucional  e com um "timeline" no facebook que deixa muito a desejar, não admira que a sua visibilidade seja praticamente nula. Daí que não me tenha espantado nada quando fiquei a saber (por um comentário que ouvi recentemente em Pombal) que a figura socialista mais mediática no nosso concelho é, muito por culpa do Farpas, o António Roque.

Será que não há, entre os socialistas, ninguém capaz ocupar o espaço público mediático? Alguém que consiga, com inteligência e tenacidade, dar visibilidade à sua intervenção política?

5 de outubro de 2015

No Good News, Bad News

Errei: a maioria do executivo na CMP não aprovou a devolução de 5% do IRS, aprovou sim a sua retenção para reforçar as receitas.

Uma câmara rica – com muitos milhões de Euros em depósitos – que não sabe onde gastar o dinheiro e desperdiça uma boa parte em obras de fachada, evidencia, assim, uma profunda insensibilidade perante as dificuldades das famílias.

Eleições e a arte de formar Governo

Os resultados das eleições de ontem permitem-nos prever o futuro político próximo de instabilidades governativa e partidárias.
O PS vai desempenhar o papel de fiel da balança: para o lado que se posicionar faz maioria parlamentar. Porém, não pode aliar-se ao BE e ao PCP para chumbar um governo da coligação PSD/PP e formar governo alternativo porque o BE e o PCP querem Portugal fora da moeda euro e até da comunidade europeia. Em caso de aliança com o BE e PCP, estes dois partidos iriam ganhar força, enquanto o PS iria perder apoio social.
Também não pode aliar-se à coligação PSD/PP, porque a combateu como alternativa e avisou até que iria chumbar o orçamento que ainda não existe ou que ainda não é conhecido e porque terá de estar na oposição para recuperar apoio social e se constituir como alternativa de governo.
Resta então ao PS viabilizar o governo e o orçamento da coligação, com condições, e apresentar propostas, fazendo maioria parlamentar de esquerda, chumbar propostas da coligação e apoiar as propostas do BE e do PCP, fazendo chumbar ou aprovar leis para limitar, impedir ou impor muitos atos de governação da coligação PSD/PP. Simultaneamente, vai desgastando o governo até provocar eleições antecipadas, talvez após um pouco menos de dois anos de governação.
Ao governo da coligação PSD/PP resta negociar permanentemente com o PS e tentar governar, apesar de algumas leis contrárias que irão ser aprovadas pela oposição. Se os entraves forem muitos, se conseguir passar a mensagem de vítima e se não sofrer o efeito do desgaste, talvez procure o momento certo para forçar o chumbo da oposição e ir a eleições antecipadas.
O BE, partido da moda e dos privilegiados do regime desta democracia, poderá continuar a ganhar mais terreno ao PS, como na Grécia e em Espanha, continuando demagogicamente a exigir mais e a afirmar que se pode gastar mais e mais e a omitir como iria obter as necessárias receitas.
Internamente, o PS continuará dividido e a acreditar que não tem uma personalidade que consiga unir as diversas fações, mantendo, assim, Costa na liderança, apesar dos conflitos.

Enquanto os atores e profetas partidários vão comunicando com as massas e vão apalpando a sua sensibilidade, alguém deveria saber que sem legislação que reduza a despesa pública e que torne Portugal mais competitivo face aos outros países, que reduza a burocracia e os impostos, promovendo o investimento e a consequente criação de emprego, não haverá governo que faça milagres… Sem produção de riqueza não há distribuição de bens.

Síndrome do Estocolmo à moda de Pombal


Contados os votos, enquanto o país acorda para esta açorda em que está metido, olhemos então para o distrito de Leiria e para o concelho de Pombal.
Não admira que a galeria de fotos da PàF, na noite eleitoral de Leiria, seja dominada pelo híper-mega deputado Pedro Pimpão e todos aqueles que querem ser como ele, quando crescerem. Este é um concelho às direitas.
Porém, contudo...
A grande negociata eleitoral foi feita pelo CDS. Há quatro anos contabilizou 3.270 votos, enquanto o PSD somou, sozinho, 15.300 votos. Agora, os dois juntos convenceram (ainda assim...) 15.235 votos. É fazer as contas...
O Bloco de Esquerda - que nem sequer está organizado em Pombal, e que vê regressar à AR um grande deputado, por Leiria, que é Heitor de Sousa - consegue chegar também aqui ao lugar de terceira força política no concelho, duplicando os votos, enquanto a CDU se mantém na mesma, com os seus 500 votos, mais coisa menos coisa.
Quanto à abstenção, continuamos para bingo: somos os maiores, pois mais de metade não vota. E isso contribui para a leitura certeira que fazia, na rede, um dos milhares de pombalenses que teve de embalar a trouxa e zarpar, nos útimos quatro anos: Coligação 1 - Portugal 0.
E o PS? - perguntam vocês.
O PS local (e distrital) está mais ou menos como o nacional, para pior. Um artigo de Ana Sá Lopes, no jornal i, poucos dias antes das eleições, sintetizava muito bem aquilo de que o povo gosta, aquilo que o povo vê: "Quem vê as televisões, vê em Passos Coelho essa criatura radiosa, com as rugas disfarçadas. Quase que se poderia dizer que a coligação não se contentou com a maquilhagem: foi directa ao cirurgião plástico e tirou daqui e pôs ali. Pedro e Paulo, jovens e bonitos e amigos, são um prodígio por estes dias. António Costa está demasiadamente gordo, baralha-se com a maquilhagem e não sabe escolher os casacos."
Os números dizem que o eleitorado do PS mal mexeu, contribuindo apenas com cerca de 80 votos (a mais, em relação a 2011) para a subida dos 7.600 no todo distrital. Adelino Mendes falha a eleição para deputado. O que é pena. Conheço poucos com a sua capacidade de trabalho, e acredito que Pombal e o distrito perdem, também.
Eu bem dizia, no último post, que as sondagens não eram forjadas. Em Portugal sofremos de síndrome de Estocolmo. E só uma união da esquerda poderia contrariar este cenário a que chegámos. Mas, para isso, é preciso que o PS perceba primeiro se ainda é um partido de esquerda. 
Quando olhamos para as fotos da noite eleitoral em Leiria, custa a acreditar que o PSD/CDS tenham perdido 33.238 votos. Como questionava Rui Correia, resistente socialista das Caldas da Rainha, riem exactamente de quê?


2 de outubro de 2015

Aos que cá ficaram

Ao contrário do que dizem muitos dos que conheço, eu não acho que estas sondagens sejam forjadas. Acredito que a onda foi profissionalmente fabricada, numa campanha em que se chegou ao cúmulo de julgar as propostas do programa do PS (useiro e vezeiro em asneirar, nesta campanha) enquanto a coligação que nos (des)governou nos últimos anos passou entre os pingos da chuva. Ninguém melhor do que Pedro Marques Lopes traduziu tão bem o que nos aconteceu, desgraçamente, neste tempo eleitoral: "A coligação passou o tempo a anunciar que agora é que vai ser bom e confiou que as pessoas acreditam, mesmo sem lhes explicar qual é o plano. Escondeu o mais que pôde Passos Coelho (deve ser a primeira campanha em que não há cartazes com um candidato a primeiro-ministro) e concentrou-se no ataque ao PS. 
O Público de hoje retratou bem, num título e num texto, muito do que penso desde há quinze dias: "Coligação levada ao colo pelas sondagens mas sem onda na rua". E eu continuo a achar que as sondagens não foram forjadas. Há uma franja do país a quem a vida correu muito bem nestes últimos quatro anos, tão bem que fez engordar as estatísticas da riqueza de alguns em prol da miséria de muitos. Desses, tantos partiram. O cantar da emigração levou-me família e amigos como nunca pensei ser possível. Passados dois ou três anos, há meninos que perguntam todos os dias aos pais quando é que voltam para casa. Não voltam, mas ainda não sabem. Vejo todos os dias crescerem ao ritmo das sondagens as rugas na cara das avós, as mesmas que nunca verão os netos crescer, dizer a primeira palavra, perder o primeiro dente, ler as primeiras letras. Há colo que nunca terão pelo skype. Os que foram, revoltados com o país, com esta dolorosa separação, ainda não fizeram o luto. Acredito, por isso, que nem sequer votem. E por isso não entram nas sondagens. 
E os que ficaram? Olhemos à nossa volta: floresceram empreendedores como cogumelos. Gente bem sucedida, que usa roupas de marca e se passeia de copo de gin pelos bares, que fala das férias e das viagens, partilha imagens bonitas no facebook, e é todo um reflexo de como se viveu bem em Portugal, depois da Troika. Tudo muito tendry. A crise, essa senhora de costas muito largas, serviu na perfeição para asiatizar o trabalho e as condições em que se faz. Os gestores "cortaram as gorduras" das empresas, numa operação-limpeza que dispensou "os que eram mais caros" e conseguiu convencer as franjas de que era preciso reduzir, reduzir, reduzir. Muitos continuam ao leme das mesmas empresas, com uma folha de salário que totaliza, sozinha, o mesmo que o conjunto dos que ficaram. Dos que sobrevivem entre os 500 e os 700 euros (que luxo), em média, cujos filhos integram agora as listas da Acção Social Escolar, como nunca acontecera. 
Dos que perderam o emprego, dos muitos que conheço, conto pelos dedos de uma mão os que voltaram a conseguir um emprego por conta de outrém, e sempre para pior. Sobram-me dedos. Muitos voltaram a trabalhar em total precariedade. Mal poderão sustentar uma casa, quanto mais um sistema de segurança social. Quanto mais um país. Com o tempo, cansámo-nos todos de dar murros em pontas de faca. As manifestações de 2012 tornaram-se uma doce memória revolucionária, cada um tentou virar-se como pôde. Sobreviver. É mais uma etapa dessas que se joga na roleta das eleições, domingo próximo. A escolha é muito simples: entre os que estão bem assim e os que sonham com um país melhor, que esperam ainda viver, e não apenas sobreviver. Os que estão bem assim, continuarão a dar esmola aos pobrezinhos uma vez por ano, a vociferar contra os que recebem abono de família, contra os que não singraram na vida por incompetência nata. Ou como dizia um jovem quadro político de Pombal, aqui há dois anos, precisamente, "quem tem unhas é que toca viola". Pode ser à conta do aparelho, que a música até soa melhor. 
Olhemos à nossa volta. A operação-limpeza conseguiu afastar daqui muito desse empecilho que é gente sem trabalho, e ainda por cima a reclamar. Com tempo para pensar. Nos dois últimos anos, de acordo com o Observatório da Emigração, saíram do país pelo menos 220 mil compatriotas, maioritariamente jovens e com formação superior. "Uma debandada só tem paralelo com as décadas de 60 e 70, quando Portugal estava sob a mais longa e mesquinha ditadura da Europa. Agora, membro da União Europeia e em democracia (ou melhor, numa partidocracia minada e dominada pela predadora voragem neoliberal), o país continua a ver abalar os seus mais fortes braços e os seus melhores cérebros", citava um camarada jornalista, residente numa cidade da região centro, com a frase mais verdadeira, a resumir tudo: "Muitos dos que ficam desesperam para ganhar o pão de cada dia. E travam um combate doloroso para não perder a dignidade. O emprego, esse bem precioso, acaba de registar uma das maiores quebras dos últimos 30 meses". E por isso faz todo o sentido perguntar, ao país das sondagens:
Ainda haverá gente para votar no próximo domingo?

Câmara Confessional

Numa terra onde há mais religião que civilização, o presidente da câmara propôs e o executivo aprovou, por unanimidade, a criação de uma associação, com sede na cidade de Fátima (talvez para estar mais próxima da bênção divina) com o objecto de ajudar os peregrinos e de fomentar os Caminhos de Fátima, prioritariamente em todo o território nacional. Uma coisa em grande - há dimensão da “fé” dos nossos políticos.
Os passos do concelho tornaram-se uma negra oficina onde se fabricam ideais de subjugação que moldem o homem manso, acrítico e temente a Deus que conceda que tudo é feito segundo a vontade de Deus e a maldade consista em desobedecer à vontade de Deus. Nada há de mais delicioso do que um rebanho de ovelhas conduzidas e amadas por aves rapinas.
O poder político deveria promover a vida sã e o crescimento de um povo culto e livre, mas, em vez disso, envenena o povo através da fé para conduzi-lo pelo nariz. E fá-lo com o nosso dinheiro, gozando com os cidadãos livres. A peregrinação é um acto grosseiro e rústico que repugna a inteligência mais delicada, porque martiriza o corpo com sofrimento e a alma com ressentimento. 
Como afirmou Nietzsche “o Cristianismo continua sendo a maior desgraça da humanidade”, porque, como acrescentou Russel “o grande pecado do Cristianismo é que não tem finalidades “santas”, só ruins: negação dos prazeres da vida (da vida), autoviolação do Homem pelo pecado, desprezo do corpo, rebaixamento…” E continua, estranhamente, a ser fomentado pelos políticos.

Prognósticos

As pessoas têm a enorme capacidade de nos surpreender. Nas democracias consolidadas era comummente aceite que as oposições não ganham eleições, são os partidos no poder que as perdem. Mas, pelos vistos, nas próximas eleições, não será bem assim! Provavelmente, será mais PS que perderá as eleições e não a coligação de direita ganhá-las. E mostrarão outra coisa ainda e mais surpreendente: o PS perderá as eleições à esquerda e não ao centro, ao contrário do que comummente se regrou. Esta surpresa acontecerá por duas razões: o PS perderá votos para a esquerda (CDU, BE e novos partidos) e não cativará o eleitorado flutuante ao centro, descontente com a coligação de direita. Porquê? Porque o PS nunca apresentou uma alternativa consistente e de centro-esquerda. Ziguezagueou entre o centro e a esquerda, e perdeu nas duas faixas nas suas margens que, em circunstâncias normais, lhe assegurariam uma vitória robusta.
Falta ao PS coerência e consistência ideológica e sobrou-lhe tecnocracia. O PS, com Seguro, cedeu em áreas onde não podia ceder – Legislação Laboral (estruturante da sociedade), Pacto de Estabilidade … - e com Costa colocou, novamente, a revisão da legislação laboral na agenda política sem qualquer necessidade - nem a direita a reclama - e sem qualquer vantagem, antes pelo contrário, já para não falar da arriscada redução da TSU.
Há erros que se pagam caro. As pessoas estão mais atentas aos sinais do que os políticos pensam.

1 de outubro de 2015

Uma taxa perigosa

A CMP insiste na aplicação de uma taxa mínima de 20 € de IMI sobre cada fracção de prédio rústico sem limpeza. Pombal é um concelho de mini-propriedade - onde a generalidade das pessoas possui dezenas de pequenos quinhões sem qualquer valor. Aplicar uma taxa mínima de 20 € (parece pequena mas é avultada) por cada quinhão que não esteja limpo pode representar uma enorme sobrecarga fiscal, de centenas ou milhares de Euros, para uma grande faixa de contribuintes. Por outro lado, como a aplicação da taxa depende das acções de fiscalização, constituirá um autoestrada para a arbitrariedade e injustiça.