22 de maio de 2015

Meio-tolos

A ofensa é a arma dos fracos, e dos tolos. Os primeiros são imputáveis, os segundos não. O problema é distingui-los e responsabilizá-los. Como poderemos responsabilizá-los se não conseguimos distingui-los? Há sempre a hipótese de chutar o problema para os tribunais, mas os juízes também se consideram impotentes para o efeito e recorrem regularmente a peritos, que dão pareceres contraditórios e a pedido.
É complicado lidar com os tolos e muito pior com os meio-tolos. Os tolos são por natureza criaturas inconscientes, ingénuas, toleráveis; que, apesar de dizerem parvoíces, piadas de mau-gosto ou impropérios, não ofendem verdadeiramente. Erasmo dizia que “só aos tolos os Deuses concederam o privilégio de censurar sem ofender” e, por isso, reservam-lhes o reino dos céus. A tolice é a alegria do tolo.
Os meio-tolos são a outra face dos tolos: criaturas perigosas, mal-formadas, intrinsecamente desonestas, que manhosamente conquistaram uma certa áurea de tolos (espertos) e a usam, conforme as circunstâncias, para se fazerem passar por tolos ou por audazes. Abundam por aí e por aqui.
Tolero os tolos mas abomino os meio-tolos, porque estes não olham a meios para atingir os fins. Preocupo-me muito pouco com a imagem, mas preocupo-me com o bom-nome. Não é tanto por mim, mas pelos meus Amigos e pela minha família - acima de tudo pelos meus filhos. Tenho hoje a certeza (se se pode tê-la) que os meus filhos são melhores do que o pai. Isso enche-me de orgulho, mas aumenta-me a responsabilidade de os não desiludir, de os não envergonhar. Tenho a consciência de que os filhos perdoam todos os deslizes à mãe, mas são implacáveis com o pai. Compreendo-o e aceito-o.
Há uns tempos, um amigo recente presenteou-me com um jantar onde tive a sorte de ficar sentado ao lado de uma Senhora que não conhecia. O jantar foi delicioso – ficou-me gravado o sabor daquela cabidela, prato de que não era grande apreciador – e a longa conversa com a distinta Senhora foi o complemento perfeito do repasto. Quando leio alguns dos comentários que por aqui vão sendo colocados, penso na distinta Senhora (e no seu filho que não conheço) e rezo para que não tenha(m) o azar de os ler - farão sofrer e rasgarão, com certeza, a sensibilidade da distinta Senhora. 

5 comentários:

  1. Boa tarde
    Um texto bem escrito, uma opinião bem esquematizada, tolos e meios-tolos sempre existiram, é será sempre dever dos mais cultos tolerar os menos cultos e nivelar por cima !
    Opiniões, nada a dizer !

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  2. Oh Malho, que tanto malhas,
    Passas a vida a malhar!
    Tantas vezes sem eira, que o malho, nem tem onde malhar.
    Julgas tu, caro Malho, que usares o malho dessa forma,
    é a melhor maneira de malhar?
    Engana-te caro amigo, porque assim, só o malho irás estragar!

    E com este interlúdio poético sobre o Malho a usar o malho, dou início ao meu reparo:
    Primeiro, não percebo porque é que os Peritos Judiciais são chamados a este tema! É a minha falta de formação; falta de conhecimento académico.
    Mas o único tecer de consideração sobre este post vai incidir apenas sobre esta pequena afirmação que fazes: os juízes “recorrem regularmente a peritos, que dão pareceres contraditórios e a pedido”.
    Como diz o amigo Rodrigues Marques, “endoidaste?!?!”
    Pronto! OK! É o “alemão” que te está a afligir. Acontece, quando se passa a barreira dos 50! Ainda me faltam 3, por isso, ainda estou à vontade!
    Contraditórios, ainda vá lá, vá lá! A “pedido” é que não!
    Desde já me disponho a explicar-te muuiitttooo devvaaagggaaarrriiiinhhho como se processa uma Perícia Judicial!
    A “pedido”, não! Que fique expresso!

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    Respostas
    1. Oh injusto justo,
      Respondo-te porque reconheço-te educação suficiente para temos uma discórdia.
      Não passo a vida a “malhar” – tenho, felizmente, uma vida muito variada, como convém - e até tenho “malhado” pouco e em poucos. Mas obrigado pela tua preocupação e conselhos.
      E fica descansado: em ti nunca malhei e, provavelmente, nunca malharei. Sabes porquê? Falta-te “corpo”. Só se farpeia quem tem um peso mínimo. Cá n` Casa respeitamos muito essa norma.

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    2. Não amigo e camarada Adelino Malho, má noite.
      És, ainda, mais ordinário do que te tinha na escala.
      Com que então falta "corpo" ao Justo?
      Qual?
      A massa corporal, ou a sexual?
      Tens que ser preciso.
      Está visto, entontaste de vez.
      Sem, mesmo sem, abraço

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  3. Obrigado amigo "Malho que tanto malhas"! Fico mais descansado! Permanece a dúvida sobre o inculto comentário sobre os Peritos, mas olha ... continuo na minha: "Valha-te Deus"! Reconforto-me com o velho ditado: A honra cavalheiresca é filha da arrogância e da tolice

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