11 de fevereiro de 2015

Almagreira esventrada

Almagreira é uma daquelas terras de onde raramente vêm notícias; e, quando vêm, não o são ou são más noticias. Nos últimos tempos, tem sido notícia por más razões: a concessão desenfreada de exploração de caulinos. Os almagreiros dispensavam bem este presente envenenado, que lhes vai infernizar a vida - destruir os solos, o ar e a água e uma paisagem já de si pouco atrativa. E vão sofrer tudo isto a troco de nada, porque a exploração de caulinos nunca trouxe nada de válido às populações.

Neste processo, os almagreiros têm sido abandonados pelos poderes locais que se têm limitado a assobiar para o lado, enquanto a realidade se vai impondo. É verdade que a principal responsabilidade pelo infindável martírio não é do poder local; mas, se deste não se espera tudo ou quase tudo, espera-se todavia alguma coisa.

3 comentários:

  1. Caro amigo Adelino Malho.

    Como certamente é do seu conhecimento este assunto é-me particularmente “caro”. Certamente também será do seu conhecimento, existe uma comissão da qual faço parte que não se tem poupado a esforços para tentar travar este atentado que querem fazer a minha Freguesia e a nós, Almagreirenses.

    Apenas acrescento que não estou tão seguro que o poder local não tenha responsabilidades nesta matéria, pois eu até acho que tem, e muita. A seu tempo tudo virá à tona e certamente muitas surpresas serão reveladas.

    Quanto à paisagem, gostos à parte, eu cá gosto muito da nossa mancha florestal e ao que parece, não sou o único. No evento anual de BTT realizado cá nas “Terras de Almagra”, tem sido um dos elogios mais repetidos pelos participantes. Todos são unânimes em dizer que as paisagens são das melhores por onde têm passado. Pena se o criador destrói a cria…

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    1. Caro Pedro Pinto,

      Nunca disse que o poder local não tem responsabilidade nesta matéria – licenciamento maciço de exploração de caulinos. Tem-nas, por ação e por omissão. E sendo o governo da mesma cor, pior ainda.
      Compreendo a tua posição sobre a paisagem. A minha opinião referia-se, essencialmente, à do centro da vida - incaracterística, por isso pouco (ou nada) atrativa. Um mau legado de décadas de executivos autárquicos, na câmara e na junta.
      A rural é, no essencial, idêntica à das localidades limítrofes.

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  2. O poder local é sempre responsável. Primeiro, porque pode e deve estar ao lado das populações locais, na primeira linha de defesa do seu desenvolvimento e de melhoria da sua qualidade de vida – incluindo ambiental – e, em geral, na defesa dos seus interesses legítimos. Segundo, porque, ainda há relativamente pouco tempo que reviu o seu Plano Director Municipal, onde, em vez de proibir a exploração de tais recursos naturais ou de colocar exigentes condições ambientais para a sua exploração, não o fez. Portanto, o poder local além de ser sempre responsável, é-o duplamente responsável, porque tem o poder e alguns instrumentos de gestão territorial que podem ajudar a impedir ou a condicionar e minimizar os efeitos da exploração de tais recursos mineiros: Vejam as plantas do PDM-Pombal em vigor, e verão, que entre caulinos, argilas mais comuns, pedreiras e inertes, Pombal é um concelho mais vezes esburacado do que algumas das senhoras que acolhem em certa(s) casas na direcção de Almagreira. As quais o meu caro primo e ilustre colega José Gomes Fernandes bem conhece – não porque delas faça uso, que não faz - só na ânsia de as arrenegar e de fazer de cada Pombalense, um “homem às direitas” e de casta e firme penitência - como todos os Pombalenses, incluindo o Exmº Senhor Presidente, aliás, o deveriam ser - ainda que, neste caso, tirando o Engº Rodrigues Marques e o Engº Adelino Malho, haja sempre uns trânsfugas e os que, apesar dos bons pastores, se fazem de ovelhas tresmalhadas.

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