11 de maio de 2011

Conhecimento e inovação

Decorreu em Pombal uma conferência, promovida pela Câmara do Comércio e Indústria do Centro e pela COTEC Portugal, com vista a motivar os empresários pombalenses para a inovação e competitividade à escala europeia. Excelente iniciativa.


Segundo o Notícias do Centro, nessa conferência foram apresentados a rede de serviços Enterprise Europe Network e o projecto Know How (como eu embirro com os nomes em inglês), sendo este último especialmente destinado a que ajudar as empresas das regiões Norte e Centro de a serem mais competitivas ao nível do conhecimento e da inovação.


Não querendo tirar o mérito a quem o tem de facto, questiono apenas o seguinte: porque não incluir em projectos como o Know How as excelentes universidades e politécnicos da região? Afinal de contas, se é de conhecimento e inovação que se trata, não seria bom dialogar com quem é pago pelos contribuintes para fazer isso mesmo?

7 comentários:

  1. Bem observado. As universidades devem ter uma ligação forte às empresas e não apenas para despejarem “canudos” no mercado de trabalho…

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  2. Amigo e companheiro Adérito Araújo, boa noite.
    Como é público e notório tenho tido afazeres por conta da Pátria amada que me têm cerceado do vosso salutar convívio, diga-se a talhe de foice.
    Mas não é a foice, cruzada com o martelo.
    É a outra. Aquela do trabalho braçal e, quiçá, do intelectual.
    Vamos aos factos.
    O Conselho Empresarial do Centro - Câmara de Comércio e Industria do Centro tem a sua área de intervenção nos seis distritos da Região Centro.
    Foi criada na Figueira da Foz com o objectivo de acabar com o trânsito entre Lisboa e Porto, com portagens pagas.
    O então Ministro do Comércio Faria de Oliveira dizia-nos, à entrada do seu Gabinete, que se íamos para falar da constituição de uma Câmara de Comércio e Industria na Região Centro podiam sair que ele não concordava.
    Ficou-se pelo não concordo, coitado, já que mais tarde foi uma realidade, depois de ter ido para uma prateleira dourada.
    Agora, vê só, o programa Know now tem à sua frente o pró Reitor da UC, Professor Doutor Engenheiro Fernando Guerra e a sua equipa.
    A COTEC Portugal é o que é.
    Queres mais.
    A sessão foi realizada na Associação de Industriais do Concelho de Pombal, no Parque Industrial Manuel da Mota, em Pombal.
    O mesmo CEC-CCIC vai realizar, no próximo dia 19, em Aveiro, uma outra sessão onde, entre outros ilustres oradores, vai estar o Professor Doutor Alfredo Marques, a Professora Doutora Teodora Cardoso, o Professor Doutor José Figueiredo.
    E dizes tu que a economia real, aquela que produz riqueza tangível, não quer nada com as Universidades?
    Ou será que os académicos não querem nada com a economia real, outrossim andam a construir os seus currículos académicos?
    Isto dá um bom duelozito.
    Ou uma boa tertúlia.
    Valha-me Deus.

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  3. Caro Engenheiro,

    Mea culpa. Não me tinha apercebido que as universidades da região estão envolvidas no concelho consultivo do Conselho Empresarial do Centro - Câmara de Comércio e Indústria do Centro, entidade responsável pelo projecto Know How.

    Pelo que percebi do seu comentário, leu no meu post uma crítica à “economia real, aquela que produz riqueza tangível”. Caro Engenheiro, não seja tão susceptível e não invoque o nome de Deus em vão: se há instituição que critico pela sua inércia (agora nem tanto) é a Universidade. Além disso, acho lamentável a minha escola estar envolvida nesse projecto e eu, como docente e investigador, não saber de nada. Mas, se o programa tem à frente o Fernando Guerra e ele for tão bom gestor como foi presidente da Associação Académica, talvez a coisa se explique por aí.

    Tenho sido um dos responsáveis pela dinamização em Portugal de um encontro entre a Matemática e a Indústria (site da edição de Coimbra: http://www.mat.uc.pt/esgi69/; este ano realiza-se em Lisboa, de 23 a 27 de Maio). Nesse encontro, as empresas são convidadas a apresentar um problema para o qual consideram que os matemáticos poderão dar um contributo significativo. Da nossa parte, comprometemo-nos a estudar o problema durante uma semana e a apresentar um relatório escrito no final com as nossas conclusões. Em Coimbra participaram cinco empresas. Em Lisboa, este ano, participam três (a TAP, a Iberomoldes e a Critical Software). Qual acha que será o motivo de tão fraca adesão: os 500 euros de inscrição por empresa? O desconhecimento das empresas sobre as competências que existem nas universidades e que lhes poderão ser úteis? Nós contactámos por escrito todos os associados da COTEC.

    Projectos como o Know How, que eu desconhecia, poderão ser importantes para promover o encontro entre o mundo académico e as empresas. Para isso, tem que haver vontade efectiva em que as coisas se concretizem. E não é alimentando a ideia, como faz no seu comentário, de que as empresas produzem riqueza e as escolas consomem recursos, que se incentiva essa aproximação. É que, para além de falsa, essa ideia é prejudicial ao futuro do país.

    Um abraço,
    Adérito

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  4. Há escolas que quase só consomem recursos, e empresas que produzem muita riqueza. E vice-versa! O problema, parece-me, não está na "essência das instituições", mas naquilo que se faz delas, e nas ligações (links, em "português moderno) que por vezes falham. A indústria sem o conhecimento das universidades não tem futuro. E as universidades sem olharem para as empresas são pouco mais que um amor platónico. Como diria um cantor do concelho... "vamos dar as mãos"?

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  5. Amigo e companheiro Adérito Araújo, boa noite.
    Afirmas que eu disse: ... que as empresas produzem riqueza e as escolas consomem recursos...
    E não disse isso.
    Vamos a Aveiro, ontem.
    Falou-se muito em bens transacionáveis.
    Eu falo em tangíveis e em intangíveis.
    Envia-me a tuas coordenadas para o meu e-mail que eu reencaminho-te o relatório que fiz aos meus pares sobre o evento de ontem.
    rodriguesmarques@quilate.pt
    Abraço.

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  6. Boa tarde!
    Que eu saiba a maior parte dos matemáticos foram formados nas escolas públicos, recursos do nosso Estado, veja-se: nossos impostos.

    Como frequência é afirmado que a educação é um serviço público e que esta é financiada pelos nossos impostos e ainda que as escolas estão em estrita colaboração com as empresas.

    Com valores de inscrições deste montante parece -me que as afirmações acima estão vazias de conteúdo.

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  7. Caro DBOSS

    Um colega sul coreano disse-me um dia que o seu país tomou consciência que a maior riqueza que tinha eram as pessoas. Daí que tivesse decidido apostar tudo na educação e na qualificação. E ao dizer tudo não se estava a referir apenas às acções dos governantes. Toda a população percebeu o que estava em causa e mobilizou-se significativamente. Esse enorme esforço fez com que hoje a Coreia do Sul seja um país com uma enorme capacidade de atrair riqueza.

    Tenho pena que, no meu país, ainda haja quem olhe para a educação da forma como foi expressa no seu comentário. Durante muitos anos Portugal apostou numa economia assente nos baixos salários, suportada por trabalhadores pouco qualificadas. Hoje, pelo facto de termos uma percentagem de analfabetos acima da média, somos penalizados por todas as avaliações externas, seja elas feitas pelas agências de “rating” ou por qualquer outra instituição.

    Comento também a sua frase final que espero ter percebido correctamente. Considera um exagero o preço pago pelas empresas (500 euros) para que um conjunto de cinco ou seis especialistas trabalhe durante uma semana num problema por elas proposto. Digo-lhe uma coisa, caro DBOSS: se os preços praticados fossem os do mercado, nem por 10 vezes mais as empresas conseguiriam o mesmo resultado. Com este orçamento, nem que quiséssemos, não podemos pagar as despesas, quanto mais honorários, aos participantes. Ele destina-se apenas à logística do evento.

    A experiência que tenho na organização destes encontros diz-me que o maior problema de muitas empresas é o de não saber que têm um problema. E lá voltamos de novo à formação. Gestores pouco qualificados saem caros às empresas e ao país.

    Abraço,
    Adérito

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